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sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Djdidi O Repórter Apresenta: Ney de Souza Pereira (Bela Vista, 1 de agosto de 1941), mais conhecido como Ney Matogrosso

 Ney de Souza Pereira (Bela Vista, 1 de agosto de 1941), mais conhecido como 


Ney Matogrosso
, é um cantor, compositor, dançarino, ator e diretor brasileiro. Ex-integrante dos Secos & Molhados (1973-1974), foi o artista que mais sobressaiu do grupo após iniciar sua carreira solo com o disco Água do Céu - Pássaro (1975) e com suas apresentações subsequentes. É considerado pela revista Rolling Stone como a terceira maior voz brasileira de todos os tempos e, pela mesma revista, trigésimo primeiro maior artista brasileiro de todos os tempos.[1]


Embora tenha começado relativamente tarde, das canções poéticas e de gêneros híbridos dos Secos e Molhados ele passou a interpretar outros compositores do país, como Chico Buarque, Cartola, Rita Lee, Tom Jobim, construindo um repertório que prima pela qualidade e versatilidade. Em 1983, completava dez anos de estreia no cenário artístico e já possuía dois Discos de Platina e dois Discos de Ouro, inclusive pela enorme repercussão da canção "Homem com H" de 1981.[1]


Como iluminador de espetáculos, tem supervisionado toda a produção da área em suas próprias apresentações. Também merece destaque seu trabalho de iluminação e seleção de repertório no show Ideologia (1988) de Cazuza e no show Paratodos (1993) de Chico Buarque,[1] ao que afirma: "quero que as luzes provoquem sensações nas pessoas".[2] Matogrosso também tem atuado recentemente no cinema: estreou em 2008 no curta-metragem Depois de Tudo, dirigido por Rafael Saar, e no filme Luz das Trevas de 2009, dirigido por Helena Ignez.[1]


Atribuem a sua maquiagem cênica e seu vestuário exótico desde os anos 70 uma certa mudança de conceitos sobre o comportamento masculino apropriado no Brasil.[3] Segundo Violeta Weinschelbaum, "o magnetismo de sua figura, a atração decididamente sexual que Ney Matogrosso produz sobre o palco é algo inimaginável".[4] A biógrafa Denise Pires Vaz também escreve: "Dos cantores brasileiros, Ney Matogrosso é um dos poucos, senão o único, que pode merecer o título de showman

Filho do militar Antônio Matogrosso Pereira e Beita de Souza Pereira, Ney teve uma infância nômade, mudando de cidade com frequência. O nome artístico que adotou mais tarde foi resgatado da própria família, já que seu pai tem "Matogrosso" no nome e é uma referência a seu estado de nascimento, Mato Grosso do Sul.[nota 1][6] Ney nasceu na cidade de Bela Vista, fronteira com o Paraguai.[7] É considerado um dos intérpretes brasileiros mais importantes e produtivos no cenário artístico. Ele adotou seu nome artístico somente em 1971, quando se mudou para São Paulo.[8] Desde cedo demonstrou dotes artísticos: cantava, pintava e interpretava. Teve a infância e a adolescência marcadas pela solidão, pois se sentia incompreendido pela família e diferente dos outros meninos. Ao completar 18 anos assumiu sua homossexualidade, e decidiu deixar a casa de sua família para ingressar na Aeronáutica. Nesta época Ney ainda estava indeciso quanto à futura profissão. Gostava de ler sobre teatro e música, e desde a adolescência cantava em bares e cabarés de sua cidade natal e cidades próximas, com um grupo de amigos seus, todos os fins de semana. Desistiu, então, de servir as forças armadas, e acabou indo morar em Brasília, na casa de seu primo, onde começou a trabalhar no laboratório de anatomia patológica do Hospital de Base do Distrito Federal. Alguns anos depois, foi convidado para participar de um festival universitário, onde chegou a formar um quarteto vocal. Depois do festival, atuou dançando e cantando em um programa de televisão. Também concentrou suas atenções no teatro, decidido se profissionalizar na área da atuação. Atrás deste sonho, deixou a Capital Federal e desembarcou no Rio de Janeiro em 1966, onde passou a viver da confecção e venda de peças de artesanato em couro. Ney adotou completamente a filosofia de vida hippie.

 

Ney Matogrosso durante o início de sua carreira.

Neste período, viveu entre Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, até conhecer o produtor musical João Ricardo[10], que procurava um cantor de voz aguda para um conjunto musical e convidou Ney para ser o cantor do grupo Secos & Molhados, com o qual gravou dois discos, ambos autointitulados e lançados pela extinta gravadora Continental, entre 1973 e 1974.[11] O álbum chegou a marca de um milhão de cópias vendidas[12] e gerou vários sucessos, como Rosa de Hiroshima, poema de Vinicius de Moraes musicado por Gerson Conrad; O Vira, de Luli e João Ricardo; Sangue Latino, de João Ricardo e Paulinho Mendonça; O Patrão Nosso de Cada Dia, de João Ricardo; e no segundo álbum o destaque foi para Flores astrais, de João Ricardo, em parceria com João Apolinário.[11]

Saiu dos Secos & Molhados em 1974[13] e no ano seguinte lançou o primeiro disco solo, Água do Céu - Pássaro (também conhecido como O homem de Neanderthal em referência à faixa homônima de abertura, de autoria de Luís Carlos Sá, e por ter sido o título do antológico primeiro espetáculo da carreira solo), que vinha numa capa de papelão cru, com Ney Matogrosso pintado, vestido com pelos de macaco, chifres e pulseiras de dentes de boi, apresentando sonoridade vanguardista, com músicas interligadas por sons da floresta, macacos, ventanias, água corrente e pássaros.[14]

Água do Céu foi considerado extravagante demais e obteve vendagem inexpressiva. Destacam-se no repertório as músicas América do Sul, de Paulo Machado; o mambo Coubanacan; a regravação de um fado de Amália Rodrigues (Barco Negro) e canções de Milton Nascimento/Rui Guerra (Bodas) e João Bosco/Aldir Blanc (Corsário), além das músicas Açúcar Candy (de Sueli Costa e Tite de Lemos) e Idade de ouro (de Jorge Omar e Paulo Mendonça). O trabalho foi distribuído juntamente com um compacto, que apresentou duas músicas que ele gravou na Itália com o músico e compositor argentino Astor PiazzolaAs Ilhas e 1964.

Em 1976 veio o reconhecimento com o disco Bandido. A canção Bandido Corazón foi composta por Rita Lee e tornou-se um grande sucesso na voz de Ney. Além desta, o disco trazia, dentre outras, as músicas Pra não morrer de tristeza, de João Silva e Caboclinho; Trepa no coqueiro, de Ari Kerner; Gaivota, de Gilberto GilUsina de Prata, de Rosinha de Valença e Mulheres de Atenas, de Chico Buarque em parceria com Augusto Boal. Contando com a produção musical da violonista Rosinha de Valença, com direção musical do empresário Guilherme Araújo. Nessa época, Ney escandalizava o Brasil. Bandido é considerado o espetáculo mais ousado da carreira do cantor e performático.

Na sequência veio Pecado (1977), que trouxe músicas do espetáculo calcado na divulgação do disco anterior que ainda não haviam sido registradas em disco. Este também foi o último trabalho feito para a gravadora Continental, em um repertório que misturou rock (Metamorfose Ambulante, de Raul Seixas e Com a Boca no Mundo, de Rita Lee em parceria com Luís Sérgio e Lee Marcucci), bossa nova (Desafinado, de Tom Jobim e Newton Mendonça), tango (Retrato marrom, de Fausto Nilo e Rodger Rogério), San Vicente de Milton Nascimento e Fernando Brant, e as regravações das músicas Da Cor do Pecado, de Bororó com a participação especial do grupo Regional do Evandro; e Sangue Latino, consagrada pelo grupo Secos & Molhados, e ainda originou um especial gravado para a Rede BandeirantesFeitiço e Seu Tipo, nos anos 1970. Os dois últimos contaram com a produção de Marco Mazzolla, nome que seria recorrente em sua discografia a partir desta época.

O álbum Feitiço (1978) marcou a estreia na gravadora WEA e trouxe alguns sucessos, como Bandoleiro, da dupla Luli e Lucina; Mal Necessário, de Mauro Kwitko; a regravação de O Tic-Tac do Meu Coração, de Alcir Pires Vermelho e Valfrido Silva (sucesso de Carmen Miranda em 1935); Dos Cruces, de Carmelo Larrea, e o frevo Não Existe Pecado ao Sul do Equador, de Chico Buarque e Rui Guerra, cujo arranjo evoca a batida da disco music, que naquela época já era executada no Brasil inteiro. A regravação da canção, originalmente gravada pelo autor 5 anos antes no censurado álbum Calabar, impulsionou as vendas do álbum e foi utilizado como tema de abertura da novela global Pecado Rasgado, de Sílvio de Abreu.

Em Seu Tipo (1979), Ney tirou pela primeira vez a fantasia para se apresentar de cara limpa. O repertório foi puxado pela faixa-título, de autoria do então desconhecido Eduardo Dusek em parceria com Luís Carlos Góis, bem como Tom Jobim (Falando de amor) e canções de Fátima Guedes (Dor Medonha) e Joyce (Ardente), compositoras que despertavam na emergente cena feminina de 1979, a regravação de Rosa de Hiroshima de Gerson Conrad sobre poema de Vinícius de MoraisTem gente com fome (poema de Solano Trindade musicado por João Ricardo) e Encantado (versão de Caetano Veloso para Nature boy de autoria de Eden Ahbez, sucesso de Nat King Cole).

 Djdidi o Repórter

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