A Tragédia do Cine Oberdan faz referência à uma calamidade ocorrida em 10 de abril de 1938,
naquele que era então um dos principais cinemas da região central de São
Paulo, capital do estado homônimo, no Brasil. Trata-se de um caso de alarme falso de incêndio
que resultou na morte de trinta crianças e um adulto que tentaram desesperadamente fugir,
sendo considerada assim a maior tragédia infantil da cidade. Naquele dia, um domingo, era
exibido o filme Criminosos do Ar, de 1937.
Histórico
O Cine Oberdan foi inaugurado no ano de 1929, como Theatro Oberdan. Projetado pelo
imigrante italiano Augusto Marchesini para a Sociedade Italiana de Mútuo Socorro Guglielmo
Oberdane, localizava-se na esquina das ruas Saião Lobado com Chavantes (hoje Ministro
Firmino Whitaker), no Brás. Parte dos custos foi bancada pelo Conde Francesco Matarazzo,
presidente honorário desta sociedade. Posteriormente vendido para a Empresa Teatral
Paulista, o prédio era decorado com azulejos portugueses no teto e estátuas no hall. A sala foi
preparada para 1 600 pessoas e seu nome homenageava o anarquista italiano Guglielmo
Oberdan.
Durante a sessão, segundo relatos, alguém entre os espectadores teria gritado "Fogo!", fato
que geraria várias controvérsias. O alarme falso colocou a plateia em pânico, que correu
buscando a saída. Porém, a única porta do prédio e as duas escadarias de acesso ao andar
superior, eram estreitas e não comportavam o fluxo de pessoas, assim muitas foram
pisoteadas e esmagadas. O socorro chegou em seguida e dos sobreviventes levados à Santa
Casa de São Paulo, muitos não resistiram. Ao final, trinta menores de idade e uma mulher de
45 anos morreram. As vítimas foram sepultadas no dia seguinte, no Cemitério do Brás, numa
cerimônia coletiva que foi acompanhada por uma grande multidão. A administração municipal
bancou os atos fúnebres e decretou feriado.
Investigações
Muitos boatos passaram a circular sobre o que gerou o equívoco. Um deles dava conta de que
em uma das cenas do filme, dois aviões se chocaram, fazendo com que alguém gritasse
"Fogo!", mas isso foi desmentido. Posteriormente, chegou-se à conclusão de que um menino
foi ao banheiro, mas como as luzes não funcionavam, ele pôs fogo em algumas folhas de
jornal, utilizando fósforos. Para auxiliar a iluminação, deixou a porta entreaberta. Ao verem
chamas e sentirem cheiro de queimado, pessoas entraram em desespero e contaminaram os
demais, principiando a tragédia
Vítimas
Relação das vítimas fatais:
/Adelino Fontes (tinha 15 anos e residia no bairro de Itaquera)
Antônio Della Paschoa (tinha 10 anos e residia na rua Barão de Ladário, 270)
Antônio Bonifácio (tinha 13 anos e residia na rua Maria Carlota, 6)
Aparecido Bertolato (tinha 15 anos e residia na rua Müller, 23)
Armando Alegre (tinha 15 anos e residia na rua Oriente, 31)
Armando Vavá (tinha 8 anos e residia na rua Coronel Cintra, 67)
Enrico Mandorino (dados desconhecidos)
Ferdinando Machado (tinha 14 anos e residia na rua Coronel Machado, 105)
Francisco Trento (tinha 13 anos e residia na rua Claudino Pinto, 167)
Jayme Sallinas Gonçaves (tinha 10 anos e residia na rua Rio Bonito, 22)
João Fontes (dados desconhecidos)
Joaquim de Souza (tinha 13 anos e residia na rua Ricardo Gonçalves, 70)
José (tinha 14 anos e residia na avenida Celso Garcia, 1130)
José Moreno (tinha 11 anos e residia na rua Santa Rita, 382)
Maria Pereira (tinha 45 anos e residia em Guarulhos)
Mário da Conceição (tinha 16 anos e residia na rua Coimbra, 39)
Miguel (tinha 12 anos e residia na Travessa Particular, 12)
Miguel Garcia (tinha 13 anos e residia na rua Durvalina, 6)
Milton Casale (tinha 12 anos e residia na rua Celso Garcia, 221 – casa 10)
Nelson Paulo de Souza (tinha 10 anos e residia na rua Oriente, 599)
Nicola Del Poso (tinha 12 anos e residia na rua Almeida Lima, 171)
Orlando (tinha 11 anos e residia na rua Rio Bonito, 58)
Placidio Rubinho (tinha 9 anos e residia na rua Claudino Pinto, 167)
Rubens (tinha 14 anos e residia na rua Coimbra, 43-B)
Salvador Aurungo (tinha 11 anos e residia na rua Visconde de Parnaíba, 1993)
Waldermar Silva (tinha 11 anos e residia na rua Oriente, 567)
Waldomiro Lima (tinha 12 anos e residia na rua Itaquera, 8)
Walter Pricoli e seu irmão Pedro Pricoli (tinham 12 e 8 anos, respectivamente, e
residiam na rua Maria Joaquina, 90)
Waltuir Gonçalves (tinha 17 anos e residia na rua Carlos de Campos, 82)
Vítima desconhecida
O Cinema
Djdidi O Repórter
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